Tenho um amigo que é marchand, ou seja vende quadros de pintores seus protegidos. Ontem tentou-me impingir um quadro em óleo intitulado “País à beira-mar plantado”. O quadro era no mínimo estranho. Representava um rectângulo muito negro rodeado por uma mancha azul-marinho de um lado e uma grande mancha azul com estrelas amarelas do outro lado. No interior do rectângulo negro um emaranhado de linhas de cores e formatos diferentes, formavam um nó complexo de grande diâmetro sendo impossível de desemaranhar. Dentro deste emaranhado, pequenas silhuetas (aparentemente representando pessoas) com aparência deprimida gladiavam-se entre si. Aquele cenário pareceu-me vagamente familiar mas não consegui identificar de onde. O meu amigo marchand parecia orgulhoso da sua obra-prima. Com um grande sorriso estampado no rosto perguntou-me:
“Está bem representado não está? Queres comprar?”
“Não!” respondi eu, “Não gosto de arte abstracta!”
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