Papoilas Portuguesas

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Lusos - Grupo de individuos com grau de utopia elevado

sábado, 4 de setembro de 2010

Paris est une fête ou une merde?














“Paris est une fête”, já lá dizia o livro de Ernest Hemingway publicado em 1964. Efectivamente quando cheguei a Paris à bela zona da Sorbonne ao Hotel Best Western Trianon Rive Gauche, situado na Rue de Vaugirard, próxima do Boulevard St Michel, estava feliz. O ambiente da cidade com as suas inúmeras livrarias, galerias de arte, Bares au Vin e Brasseries. As próprias lojas de roupa e sapatarias finas, com o seu design próprio parisiense, me fascinavam. “Aqui sim, estou na Capital da Cultura, país desenvolvido, não é como em Portugal” pensava eu culturalmente embriagado. Não resisti e ainda dei um salto à Catedral de Notre Dame, onde até as gárgulas me pareciam seres cultos e simpáticos. Após ter alimentado o espírito na catedral, havia que alimentar o corpo. Ao jantar comi umas “Moules marinées aux frittes” acompanhadas de um belo vinho Bordeux que infelizmente não retive o nome. No dia seguinte continuei o meu périplo pela capital da cultura visitando lojas de roupa, de discos, CD’s e BD, até à hora de ir para o aeroporto. Ás 6h da tarde, resolvemos pegar nas malas e dirigirmo-nos à “Porte Maillot” para apanhar a “Navette” até ao Aeroporto de Beuavais. Para isso, no Metro tínhamos que apanhar a linha rosa em “Odeon” até “Chatellet” onde tínhamos que mudar para linha amarela até à estação “Porte Maillot”. Foi então que começou o calvário. Atravessar as ruas de Paris com malas a pesar chumbo, entrar nas estações de metro apinhadas, onde não existem nem elevadores nem escadas rolantes, subir e descer escadas a “alombar” com as malas para aceder aos diversos níveis das estações para mudar de linhas. Para prova de esforço não estava mal, só faltava o electrocardiograma. Farto, perguntei a uma “culta” funcionaria do Metropolitano de Paris, no meu melhor francês, “Então mas não há elevadores nem escadas rolantes?” ao que ela me respondeu laconicamente “não, não hà”. Eu repliquei ainda no meu francês de liceu “não há?”, “mas então os deficientes?” a culta funcionária francesa retorquiu, “Pois é, é um problema de Paris...”. Eu nem queria acreditar, pareceu-me ver o Victor Hugo, o Gustavo Eiffel, o Charles de Gaule, o Toulose Lautrec, enfim essa cambada toda de Cultos Parisienses aos saltos na tumba. “Então mas isto é que é um país civilizado?” estrebuchei a espumar pela boca e com o cérebro já pouco oxigenado devido ao esforço, “Os inocentes turistas com malas, os inválidos indiferenciados, os indivíduos com muletas, os idosos com andarilho, os deficientes com cadeiras de rodas, as crianças com Pé Boto, os inexperientes pais com carrinhos de bebé, entre outros desgraçados, não têm acessibilidade nas estações de metro de Paris?!”, “E isto numa cidade que se dá ao luxo de ter um bairro chamado Les Invalides!!!???”. Pra mim a festa acabou! Palhaços!
João Pinga, Paris, 3 Set. 2010







 

4 comentários:

  1. Pois é Calie, a vida é cheia de perpécias. Um abraço.
    João Pinga

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  2. em pleno fevereiro de 2012, estava eu a procurar algum artigo sobre o tal livro do Hemingway que estou a ler no momento, quando me deparo com esse post. acabei de voltar de um intercâmbio acadêmico que fiz na França e posso te dizer que amo Paris (todos os caminhos na França levam a essa cidade), mas te compreendo! o quanto eu não sofri com um mochilão de 15kg nas costas naquelas escadarias do metrô a cada vez que resolvia viajar! em relação aos deficientes, o sistema de ônibus de lá é mt bom! mas pra forasteiros como nós que depois que se apegam ao metrô não conseguem mais largar (bem mais rápido se deslocar de metrô que de ônibus), realmente, é uma merda!

    Larissa

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