Papoilas Portuguesas

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Lusos - Grupo de individuos com grau de utopia elevado

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Crítica literária

Lista Telefónica de Lisboa Residentes
Critica literária por Francisco José Piegas

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prós [riqueza de personagens]
contras [obra algo maçuda e de difícil digestão para os menos literados]

Publicado pela editora Portugal Telecom, este segundo livro da saga da PT, que já nos tinham brindado com o fenomenal “Paginas Amarelas”, vai já na 98ª edição e é sem duvida um dos livros mais lidos na literatura deste país à beira mar plantado. Fascinante pela riqueza de personagens que apresenta (mais de 50 mil), e pela referencia telegráfica a inúmeras ruas, avenidas, praças, pracetas, becos e outro sem numero de espaços físicos existentes nesta nossa bela capital. A narrativa é original, pela forma com que passa quase despercebida ao menos atento dos leitores, e surpreende o leitor pela quantidade de frases curtas e concisas, onde se conseguem identificar sem qualquer duvida, os espaços onde as personagens habitam. O autor vai inclusive mais longe, e brinda-nos ao mesmo tempo, com uma descrição quase compulsiva dos números de telefone das personagens que pululam ao longo da obra.
Entrando mais a fundo na obra, verificamos que a mesma começa com um misterioso Abade António Bergano, residente na rua Gil Vicente nº2, 1ºDto, e que lança a duvida sobre o porquê da sua introdução na linha narrativa (falar em linha narrativa neste caso talvez seja um pouco audacioso), uma vez que esta personagem não mais aparece referenciada ao longo do resto do livro. Já mais adiante, na pagina 75, somos surpreendidos, por um não menos misterioso Salvador Caranguejeiro, residente na rua Cidade Vitor Cabral, lote 44, 2ª D, esta personagem mais uma vez esfumace-se na linha narrativa, uma vez que também dela, não nos é dada mais qualquer indicação, sobre a sua existência até ao final da obra. Parecendo deste modo que o autor, brinca com a capacidade de concentração do mais atento dos leitores. Mas é na pagina 123 que o mistério se adensa, com a entrada em cena de três personagens chave, os enigmáticos Perpetua Rosa Galinha residente na Rua Embaixador nº12, 1º, e ainda Coelho Galinho, residente na Travessa do Convento de Jesus, nº27, 1º e Cabrita Galinho, residente na Calçada dos Mestres, nº55, 2ºE. Destes últimos dois personagens, o autor deixa a duvida sobre se serão irmãos, ou se existirá algum grau de parentesco entre eles. Mas é no final da obra, que o leitor é surpreendido com o aparecimento da Srª Zwiers, Silvia Lee, residente na calçada da Graça nº11, 1º, este que é o ultimo personagem do texto e que aparece na ultima pagina do livro, consegue lançar mais uma vez a duvida no leitor, pois o livro termina abruptamente com este nome, sem que o autor esclareça o leitor sobre a missão desta personagem.
Da leitura desta obra de fundo, fica-nos o denominador comum que é a completa ausência da descrição de emoções, o que sem duvida é uma alegoria à fragilidade das relações humanas nos nossos dias.

Resumindo, uma obra a não perder e que inclusivamente tem um papel ecológico na sociedade, nomeadamente na época das castanhas.

Editora Portugal Telecom
Gratuito

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