Lisboa 8 de Abril de 2011
Querida Filarmónica,
Espero que esta vos vá encontrar de boa saúde (até porque se não estiverem de boa saúde então é que estamos mesmo lixados). Escrevo-te, porque a situação tornou-se insustentável. O dinheiro por aqui acabou, e eu já não sei o que hei-de fazer mais para calar os pategos que me elegeram chefe de banda. Ontem tentei ir ao Banco buscar mais algum credito mas o Sr Salgado (o gerente) mandou-me dar uma volta!... A Tia Angela cada vez me chateia mais a cabeça, porque diz que está farta de mandar ajuda lá da terra dela e diz que a mama acabou! Como se não bastasse, ainda diz à boca cheia que nós aqui somos uns desgovernados preguiçosos, uns gastadores e que só sabemos tocar musica pimba. O Teixeirinha dos bilhetes no inicio ainda parecia capaz de disfarçar a situação, á custa de cobrar taxas por todas as partituras, mas ultimamente já não há onde buscar mais guito. O Coelho do trombone ao princípio também estava todo contente, porque dizia que era desta que me ia ficar com o púlpito, mas agora ao ver que aquilo está cheio de buracos já perdeu o entusiasmo. O Portas dos ferrinhos já nem fala, não sei se perdeu a voz de tanto berrar nas feiras onde o vejo quase todos os dias e o Jerónimo do Bombo, diz que já não papa mais grupos e que só toca marchas populares e a Internacional.
Por isso peço-te, por favor envia toda a ajuda que puderes e rápido, para ver se conseguimos pelo menos chegar à festa de Natal…
O chefe de Banda
Zézinho Pinto de Sousa
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