Quem descesse ontem a Avenida da Liberdade em Lisboa ficaria com a impressão de que estaria a viver a realidade descrita no livro de George Orwell “O triunfo dos porcos”. Além de porcos, ele era galinhas, patos, cabras, vacas e couves e brócolos e cenouras entre muitos outros géneros alimentares. Confesso que fiquei algo perturbado ao ver os animais assim esparrachados, a ocuparem o lugar que normalmente pertence aos carros. Imagino a azia do presidente do automóvel clube português Carlos Barbosa. Deve ter passado a tarde na cama encharcado num cocktail de Compensans e Guronsas. O desplante com que os animais dormiam na via pública só era comparável à arrogância com que defecavam no alcatrão. Alguém lhes deveria ter explicado que o macadame não precisa de ser fertilizado. Também foi com emoção que, àquela hora constatei a presença de vacas e cabras na avenida. Normalmente aparecem na zona mas só lá mais para a noite!… Só fiquei apreensivo quando passei junto aos pepinos. Não percebi se aqueles bicharocos pretos que lhes passeavam por cima, eram bactérias gigantes ou simples parasitas. Mas os espécimes de fauna mais peculiar que encontrei eram (penso eu) humanos. Verdadeiros cromos raros, daqueles que nos fazem suar a caderneta. Enfim como diria Orwell “os animais são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros”!...
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