Numa altura em que na Alemanha ninguém come salada (pelo menos as que têm pepino) e enquanto paira a duvida sobre a origem da bactéria "Escherichia coli" que já causou das 15 mortes na terra da Tia Angela. As eficientes autoridades alemãs apressaram-se já, numa demonstração da sua conhecida solidariedade europeia e da sua reconhecida humildade nacional, a culpar os pepinos dos “nuestros hermanos” espanhóis. Efectivamente não há nada mais perigoso que um pepino espanhol, principalmente se estiver acompanhado de uma paelha. É sabido que a combinação do pepino, com o açafrão da paelha, produz uma reacção química exotérmica no estômago humano, responsável pela consequente emissão de gases poluentes que provocam o efeito de estufa. Mas coitados dos espanhóis! Primeiro foi a depressão da Letizia, depois a crise económica e financeira, agora também os pepinos! Numa altura sensível para o país, numa altura em que necessitavam de dar um soco no estômago dos “mercados” eis que surge esta crise vegetal. Como consequência, o consumo de vegetais espanhóis caiu abruptamente, devido ao pânico instalado de medo da bactéria. Mas grandes espanhóis! Aproveitando o impulso da vitória do Barcelona na Champions League, protestaram imediatamente e exigiram uma retratação das autoridades alemãs. Como consequência as autoridades de saúde pública de Hamburgo admitiram hoje que as bactérias encontradas em duas amostras de pepinos espanhóis já analisadas, não são responsáveis pelas graves infecções que já causaram as mortes na Alemanha. Veja-se aqui mais uma vez a diferença. Se tivessem sido pepinos portugueses, as autoridades portuguesas ter-se-iam imediatamente colocado de joelhos e pedido desculpa pelo facto, ao mesmo tempo que teriam destruído toda a produção de pepino nacional, só para mostrar como somos o país mais bem comportado da Europa. Mas atenção, é que autoridades alemãs continuam a investigar. Tal qual CSI Hamburgo. E enquanto as autoridades alemãs procuram novo culpado (pois para eles de certeza que a contaminação não foi efectivada na Alemanha), aposto como os próximos principais suspeitos serão pepinos gregos… ou portugueses!
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