Papoilas Portuguesas

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Lusos - Grupo de individuos com grau de utopia elevado

terça-feira, 26 de julho de 2011

Carecas há muitos…


Todos nos lembramos daquele filme português antigo, em que o Vasco Santana berra em pleno Jardim Zoológico “Chapéus há muitos”. O hábito dos chapéus parece ter caído em desuso, o que faz com que as qualidades capilares de cada um fiquem há mais expostas. Qualidades capilares ou a falta delas, como é o caso dos simpáticos carecas. Os carecas são uma espécie em vias de extinção, porque os recentes avanços na área dos implantes capilares e a actual sofisticação das próteses capilares (capachinhos, cabeleiras etc) faz com que encontrar um careca seja hoje em dia mais difícil, que encontrar uma farmácia de serviço ao domingo. É claro que não me refiro a essa mariquice que é o rapar o cabelo com máquina zero ou navalha. Considero isso até uma provocação para com os verdadeiros carecas. Uma coisa tipo “estás a ver careca, eu tenho cabelo mas apetece-me rapar só para chatear”,ou mesmo “tu não podes rapar o cabelo como eu, porque te falta a matéria-prima”. Há no entanto uma classe de carecas que está a crescer a olhos vivos. Os carecas monetários! Ou seja aqueles que passam “cheques carecas”. Sei isto, porque este fim-de-semana, como não tinha nada melhor para fazer, dediquei-me à leitura dessa interessantíssima pérola da literatura contemporânea que é o “Boletim Estatístico do Banco de Portugal”. Da leitura e interpretação cuidada deste potencial candidato a Booker Prize, ficamos a saber que o número de cheques carecas registou em Junho o valor mais alto do último ano e meio. Em média, três em cada quatro cheques devolvidos são-no por não haver dinheiro da conta. Foi assim ao longo de 2010 e a tendência manteve-se no primeiro semestre deste ano. De Janeiro a Junho foram devolvidos 239 400 cheques por falta de provisão, o que dá uma média de 1330 por dia. Só por causa dos cheques carecas ficaram por pagar 710 milhões de euros. Pois é caso para dizer como o outro “Carecas há muitos!”

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