Papoilas Portuguesas

Papoilas Portuguesas
Lusos - Grupo de individuos com grau de utopia elevado

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Papoilas Geographical Expedition
















Corredores de Hotel de 2ª. Já tínhamos ouvido falar nestes habitat’s misteriosos e míticos num ou dois programas do National Geographic, mas não acreditávamos muito que existissem. Espaços onde segundo a mitologia das agências de viagens, pululam as criaturas mais estranhas da evolução das espécies. Aqui no Papoilas aceitámos o desafio, e ignorando o risco, equipados com os acessórios indispensáveis para missões de sobrevivência, resolvemos penetrar nas profundezas dos corredores do hotel Marisol da Trafaria.

Chegados ao hotel, iniciámos a jornada no elevador do hall de entrada. Ao entrarmos, a angústia apoderou-se imediatamente da equipa. Tivemos que nos gladiar com um casal de obesos mórbidos que teimavam em não se afastar da porta do ascensor. Temi pela vida, pois a fêmea obesa arfava pesadamente mesmo junto ao meu ouvido, enquanto o obeso macho exalava um odor combinado, de suor e fritos cozinhados com óleo Fula. Ao chegarmos ao piso 12, saímos impulsionados pela 1ª lei de Newton (um corpo ganha velocidade se impulsionado por outro corpo). E pronto estávamos no corredor e já não havia retorno para a aventura. Mergulhados na penumbra, constatámos a existência de um intenso cheiro a mofo (ou seria bafio?). O Resende aqui da contabilidade que nos acompanhava, sendo um asmático crónico caiu fulminado no chão e agarrado ao cartão de sócio do Benfica só teve tempo para dizer, “Deixo o meu lugar na bancada MEO ao afilhado da minha porteira”.

Ainda não refeitos do choque, eis que se abre a porta do 1201, donde sai um individuo aparentado do homem de cro-magnon (mas com pior aspecto) com um bigode preto seboso, de calções às flores, calçado de sandálias e meias brancas, carregando um grade de “mines” que diz para o interior do quarto “Ó Ilídio, estás-me a espetar a cana de pesca, palhaço!”. Imediatamente atrás, sai o dito Ilídio com uma cana de pesca numa mão e uma série de utensílios pontiagudos na outra mão e um palito a sair do canto da boca. Enquanto andava deixava para trás um rasto de isco de pesca. O nosso rápido instinto de sobrevivência, permitiu-nos protegermo-nos atrás da esquina do corredor, antes que sermos vazados na vista pela perigosa cana do Ilídio. Por esta altura o Jorge da Informática começou a soluçar enquanto balbuciava “Eu quero voltar para o meu Facebook”. Maricas! Já não se fazem homens como antigamente. A Sandra dos Recursos Humanos (a única mulher que nos acompanhava na expedição) atacou nervosamente “Lembrei-me agora que tenho os salários de Agosto para processar, vou ter que regressar! Adeusinho!” e correu pela escada de incêndio acima, a uma velocidade que nunca julgámos possível. Isto da parte duma pessoa que quando temos mudanças aqui no papolias, diz sempre que não pode carregar pesos e vai para a copa tomar chá verde.

Com a perda deste segundo elemento e o colapso nervoso do Jorge, achámos que a expedição já não tinha condições para ser levada avante, pelo que resolvemos espetar uma bandeira que tínhamos, do tempo da nossa participação nos Jogos sem Fronteiras, no vaso de begónias do corredor e saímos a passo de corrida pela porta de emergência do Hotel.

Já agora, se algum trabalhador do Hotel Marisol ler esta crónica e quiser ter a amabilidade de nos mandar o Resende da Contabilidade, ficamos agradecidos!…

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